A VIDA VENCEU A MORTE



O centro da fé cristã está na crença da ressurreição. Cristo ressuscitou dos mortos! A ressurreição é o ponto de partida para o desenvolvimento das comunidades cristãs. É também o fato que faz com que toda a proposta de Cristo seja assimilada.
Para compreender a ressurreição é preciso entender a eucaristia. Somente quando compreendemos a eucaristia como refeição entendemos o segredo escondido na mensagem de Cristo, que foi revelado como ressurreição.
Após a ressurreição, Cristo se apresenta aos discípulos nos momentos em que eles estavam reunidos. Ou seja, é na reunião dos amigos, quando todos discutem acerca dos fatos ocorridos e, ali na unidade, repartem o pão, que Cristo se revela como ressuscitado.
Daí a importância de vivermos a eucaristia não como rito inócuo, mas como convivência na plenitude. Isto é, como refeição. Cristo não se faz somente pão, ele se faz refeição para ser compartilhada, Ele é o pão repartido, o pão feito pedaços.
Com a ritualização da eucaristia, fomos perdendo a compreensão de refeição e assumimos uma postura supersticiosa e mágica. Entretanto, não percebemos nas coisas simples a realidade eucarística. Não percebemos a eucaristia da família entorno à mesa, a eucaristia dos pobres que repartem o pão recebido como esmola. A proposta eucarística é simples. Na passagem dos discípulos de Emaús entendemos como isso ocorre. Cristo se revela na mesa, não quando come o pão (compreensão atual), mas quando reparte o pão (entendemos, assim, a importância da diaconia na Igreja Primitiva).
Entretanto, após sua morte, Cristo é reconhecido no partir do pão. É depois de sua ausência que sua presença se torna latente. Podemos experimentar este fenômeno quando perdemos um ente querido. A partir do momento em que ele se vai, sentimos constantemente sua presença, como se estivesse sempre conosco.
O ideal de Cristo, após a sua morte, começa a se espalhar pelos quatro cantos do mundo. A morte/ressurreição, serviu de mola propulsora para as idéias Dele. Esta presença ausente permitiu também a riqueza das diversas interpretações que foram sendo dadas ao fato de morte/ressurreição.
Cada evangelho mostra de um modo diferente este fato, mas somente João mostra as nuanças diferentes da compreensão da ressurreição. João mostra três modos de encontro com o ressuscitado. O primeiro é o de Maria Madalena, que vai até o túmulo, não entende nada e diz que roubaram o corpo do mestre. O segundo é o de Pedro, que vai até o túmulo, estuda, vê os panos dobrados e ainda não entende o que está acontecendo. Mas somente o discípulo amado vê e crê.
Assim se dá conosco hoje, alguns ao ler isto agem como Madalena, não entendem nada e partem para um julgamento. Outros como Pedro, estudam, tentam entender, mas não conseguem ver claramente. Mas somente os dotados de sabedoria, como João são capazes de realmente ver... Como dizia Jesus: “quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça!” E aqui dizemos como o anjo: “Por que procuram entre os mortos aquele que vive?”