Gentileza gera Gentileza

Podemos chamar de gentileza a atitude nobre, daquelas poucas pessoas de boa linhagem, que antes de tudo sabem amar a vida e com graciosidade transmitem este amor a cada gesto.
Gentileza fala da liberdade que temos para o amor. Somente os humanos são capazes de ter consciência de sua gentileza. A natureza é gentil por si. O sol nasce por puro amor e dom, a chuva caí em sua beleza e simplicidade, gentilmente as árvores crescem e a brisa sopra. Quando falamos da gentileza nos remetemos ao lugar de cada um no mundo, como que bem assentado e com o respeito que lhes cabe.
Das grandes pessoas que fazem a história de nosso país, queremos destacar o Profeta Gentileza. Para aqueles que não ouviram falar dele, deixamos alguns traços da história do homem que só quis disseminar o amor pelas ruas do Rio de Janeiro.
Seu nome de batismo era José Datrino, o centro de todo o seu ensinamento era “Gentileza gera Gentileza”. A partir dos anos 80, depois que o fogo consumiu o circo em que vivia, o Profeta começou a pintar diversos painéis nas pilastras do Viaduto do Caju. As mensagens eram coloridas em verde e amarelo, todas propondo uma crítica ao mal-estar vivido pela humanidade. Estes painéis ofereciam a gentileza como solução para todo o sofrimento gerado pela desarmonia e desamor.
Após sua morte, a prefeitura do Rio mandou pintar de cinza as pilastras, cobrindo os murais do profeta. A reação da sociedade foi instantânea, logo surgiram movimentos pró-Gentileza. Um dos movimentos mais conhecidos foi o da MPB, com a cantora Marisa Monte, na letra da canção com o nome do profeta. A movimentação da sociedade obrigou o poder público a restaurar a obra do profeta.
O ensinamento de amor, proposto por Gentileza, tenta direcionar a humanidade para um novo momento, onde a pureza do ser humano pode ser realçada e a alegria da existência se apresenta de modo valoroso.
Ser gentil é viver e proporcionar vida. Somente na medida em que amamos a vida podemos viver livres do sofrimento, proporcionando amor aos outros. Por isso, amor é a mola propulsora da gentileza. Assim, em cada painel o profeta realçava em cores e formas a palavra amor, sempre repetindo inúmeras vezes suas letras.
Nada diferente do ensinamento de Cristo, que abandona todos os textos e coloca de lado até o decálogo de Moisés, para simplesmente dizer: “amai-vos uns aos outros”.A sociedade atual é sedenta por amor, somos carentes deste sentimento, pois direcionamos nossa vida somente em direção ao material. Porém, o material não supre a maior lacuna de nossa existência, a incerteza do futuro. Esta incerteza faz com que ajamos como rolos compressores capazes de destruir tudo que se apresente entre nós e nosso objetivo. Contudo, com o tempo nosso corpo e nossa psique começam a cobrar por nosso desamor e falta de gentileza com a vida. Surgem, como conseqüência, a depressão, o desespero, o sofrimento, as dores e doenças. Tudo isso pode ser evitado se não esquecermos a proposta do profeta: “Gentileza gera gentileza”, do mesmo modo que o amor gera a felicidade.