Os donos do poder


Há tempo que não discutimos temas políticos neste espaço. Durante algumas edições viemos colocando questões referentes à educação. Esperamos que estas tenham atingido às classes de educadores, que eram nosso principal foco.
Entretanto, gostaria de retomar a discussão acerca da política e das relações de poder. Esta reflexão estará girando ao redor do poder constituído, da política e do estado.
Se observarmos os agentes que aparecem como senhores da história, perceberemos que todo representante do povo que ascende ao poder, em pouco tempo encarnam também o modelo de poderio, enquanto dominação e primazia.
A democracia representativa assumida pelo Brasil, não consegue chegar a sua maturidade pelo modo com que o poder é encarado. A República (Coisa Pública) é vista como espaço de ninguém. Assim, o pessoal é colocado acima do bem comum. E o que era do âmbito comum fica à disposição de quem está no poder e este, rapidamente, aprende a distribuir privilégios aos seus agregados e amigos, tendo em vista a sua manutenção na posição de mando.
Não vemos um governante sem agregados. Entretanto, privilégio nada tem a ver com competência. O modelo brasileiro de poder está ligado ao famoso “rabo preso”. A arte de subir ao poder é a mesma arte de “prender rabos” e deixar o “rabo preso”. Ou seja, o poder, neste modelo, não é livre, mas surge como espaço de defesa de interesses, seja do poderoso ou de seus apoiadores.
Como disse Renan, senador da coisa de ninguém, terceiro homem do país, “foi a democracia que me declarou inocente”. Realmente, o espaço público é o espaço de defesas de interesses pessoais, onde o povo, para nossos poderosos “é um mero detalhe”.
Será que numa democracia madura veríamos tantos casos de nepotismo, onde incompetentes assumem cargos simplesmente por estarem no círculo de amizades do tirano?
Cremos que o povo, mero detalhe nesse sistema, deveria começar a perceber que nem sempre aquele assume um cargo tem as competências necessárias para estar lá. Competência, aqui, não tem a ver com berço, ou com laços conjugais, mas com dedicação, empenho e capacidade intelectual. Se o bem comum fosse o objetivo de tais políticos, teríamos uma máquina enxuta, eficiente e sem tantos desatinos.
Mas isso é esperar muito. Crer que uma sociedade imatura possa gerar políticos honestos, que não façam da estrutura pública um espaço para artimanhas eleitoreiras e façam jus ao que representam, é esperar que uma utopia impossível se efetive. Para que o Brasil compreenda o que vem se apresentando é preciso que ele passe por uma reeducação. E como a revolução é necessária, que ela venha pela educação, que seja uma revolução de professores.