A Irracionalidade da Razão



Em nosso modelo capitalista estamos experimentando o desenvolvimento destrutivista. Em nome do crescimento, da expansão e da atração de capital em vistas do enriquecimento, observamos a destruição do conjunto ambiental, em conseqüência disto a destruição do espaço propício para a vida humana.
Em pouco tempo teremos um planeta superaquecido, imensas regiões desérticas e a inevitável extinção de nossa raça. Isso tudo em nome do desenvolvimento.
Até o final da Idade Média, considerada pela ignorância racional como idade das trevas, tínhamos o ser humano vivendo em perfeita harmonia com seu planeta. Esta harmonia tinha como base a compreensão da divindade como centro de tudo, de onde tudo provém e para onde tudo retorna. Nisto, o homem conhecia seu lugar no mundo e cada elemento era considerado como criatura de Deus, ou seja, todos filhos de um mesmo pai. Alguns eram mais claros e objetivos ao chamar cada elemento que compõe a natureza de irmão, constituindo uma fraternidade universal.
Dentro da grande fraternidade, onde um só era o senhor, uma harmonia típica se dava. Não se tratava de um mundo perfeito, sem problemas e dificuldades, mas sim de um mundo onde a existência se garantia pela pacífica convivência com o natural.
Com o iluminismo fomos visitados pelas luzes da razão, a fé do modelo medieval foi colocada em cheque e desqualificada. Desde aquele momento, o homem se tornou o centro do universo e a divindade passou a ser vista por um outro prisma, o divino foi colocado à disposição do homem.
Após a substituição da fé pela razão, irrompeu a necessidade de dominar, o homem se tornou o senhor de tudo, ocupando o lugar do criador e colocando tudo a sua disposição.
Neste processo o homem é o senhor de tudo e presume controlar todas as coisas. Esta presunção provém da arte científica racional que tudo quer conhecer e tudo quer controlar. Somos guiados por uma ciência que para conhecer um determinado ser precisa destruí-lo, fragmenta-lo e dividi-lo. Portanto, não se trata de uma ciência de vida, mas de morte. Pois para estudar um determinado elemento precisa retira-lo de seu habitat e criar condições artificiais, entretanto a vida em plenitude não se dá no artificial.
O que não percebemos é que esta força não está garantindo nossa sobrevivência. A única coisa que pode manter o equilíbrio da terra, que pode garantir a sobrevivência do homem sobre terra é o retorno ao frugal, ao simples e à compreensão de submissão aos princípios naturais. Onde não estamos acima de tudo, mas somos simplesmente uma parte do todo.