Quem tem o controle?

A infelicidade humana está associada a dois agentes principais: o medo e a ansiedade. Estes elementos convivem conosco criando mecanismos de defesa e destruição. Ou seja, eles são essenciais a nossa sobrevivência, mas também são causadores da infelicidade.
O medo gera a ansiedade e a ansiedade gera o medo. Medo e ansiedade formam um conjunto cíclico, onde um gera e propaga o outro. Quantas pessoas sofrem diariamente com o medo de perder o que amam. Estão mais preocupados em defender o que presumem possuir do que usufruir daquilo que lhes é ofertado.
A sensação de perda gera a ansiedade e a necessidade de defesa. Quanto mais tentamos defender o que temos, mais distantes estamos de nossa felicidade. Pois, deixamos de viver em função de nós e passamos a viver em função de nossas posses, sejam materiais ou afetivas.
Somente quando possuímos a liberdade diante das posses e as utilizamos com a consciência de que tudo que temos nos é dado como concessão, percebemos que o medo é em vão.
Temos medo o futuro. O que pode acontecer? Como será? Estamos constantemente tentando nos esquivar das dificuldades que virão. O medo da morte está em cada um gerando a imensa ansiedade.
Para vencer o medo é preciso encarar a realidade, tal como ela é. É preciso saber que o controle do universo não pertence ao homem. Os pais criam os filhos sonhando com um ideal, imaginam que serão pessoas e destaque, mas com o passar do tempo, os filhos seguem outro caminho. O agricultor estende suas plantações a fim de colher mais, depois de todo o trabalho o granizo vem acaba com sua produção. O investidor coloca seu dinheiro em fundos para render mais, de um momento para o outro o mercado muda e todo o dinheiro perde o valor. Logo de assalto vem a pergunta: “O que fazer?” ou “Onde foi que erramos?”.
Quando não sabemos o que fazer, não devemos insistir, cabe a nós aguardar. Quanto ao erro, erramos quando acreditamos que as coisas são lógicas e acontecem numa seqüência prática de fatos, numa articulação única e metódica de “se isto, então aquilo”. Todos os medos e ansiedades surgem a partir de nosso método estático de pensamento, pois sempre esperamos que os fatos ocorram na seqüência da lógica, porém sempre que algo tende a fugir do esperado iniciamos nosso processo de medo. Vemos a necessidade de aprender a esperar sem esperar. Quando nossa consciência se abre para este modo de pensar, conseguimos perceber a vida de diversos modos, sem a lógica pragmática, descobrimos quão suave e bom é viver.